HORIZONTES & RETRATOS
Daniel Herrera

Esta galeria apresenta acervo fotográfico do Projeto Paisagens Profundas. De autoria de DANIEL HERRERA, as imagens revelam os olhares e percursos de nossa equipe de campo pelos Aparados da Serra. Aqui estão a natureza, os peraus, as pessoas, as plantas e os animais, o tempo transformador entre os enquadramentos e cliques – e tudo mais que nossos olhos captaram, impregnados pela fruição da Paisagem Cultural, conceito norteador desta ação. 

Itaimbezinho

Conjunto de vistas aéreas do cânion do Itaimbezinho, a partir de navegação e registro com drone; e as visões dos peraus e arredores, em diversos ângulos e percursos no Parque Nacional dos Aparados da Serra.

Fortaleza dos Aparados

Visões das bordas norte e sul do cânion Fortaleza, no Parque Nacional da Serra Geral; trilhas dos penhascos; a Pedra do Segredo (equilibrada nos peraus próximos ao vértice do Fortaleza); vistas parciais da cachoeira do Tigre Preto e dos mirantes naturais do cânion.

Gente dos Peraus

Registros dos habitantes tradicionais dos Aparados da Serra, nas cercanias dos Parques do Itaimbezinho e Fortaleza, no território de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul. Na linguagem popular da região, os abismos sempre foram chamados de peraus. Na sequência: ambientes da casa da família Klippel, no Parque do Itaimbezinho; casa de Osvaldo Souza Lopes e Maria de Fátima Rodrigues Ribeiro, nas cercanias do Itaimbezinho; Osvaldo Padillha da Silva, numa estrada vicinal, carregando sacos de pinhões; retrato de Luiz de Souza Lopes e o filho, Aloide Lopes, domador de cavalos e artesão do couro, nos arredores do cânion Fortaleza.

Os animais da Casa e dos Campos

Os animais domésticos, na secular companhia dos habitantes tradicionais, ajudaram a modelar a paisagem cultural dos Aparados da Serra. A região também guarda a presença dos bichos selvagens, como indicam os rastros dos leões-baio (os pumas) e veados campeiros. Outros animais parecem viver na curiosa fronteira entre as vidas doméstica e selvagem, como as curicacas, graciosas aves de bico longo que sempre dormem nas copas dos pinheiros perto das casas do campo.

A vegetação dos Aparados

A araucária é Senhora da paisagem, até à beira dos abismos. Abaixo e ao redor delas há florestas e campos. A composição dos Aparados tem vastidões, campo e matas; líquens, flores e sutilezas da flora revelam, ao olhar atento, florestas em miniatura – como observou Carlos Delphim na viagem aos Aparados.

Virações do Olhar

As paisagens dos Aparados são reveladas (ou escondidas) a cada novo olhar, na incidência das luzes e virações do clima projetadas nos peraus e campos dos Campos de Cima da Serra.

Marcas da Paisagem

Não há paisagem sem o olhar, sem as marcas da presença humana, impregnadas no ambiente: as cercas dos campos, mourões, casas e galpões, as estruturas da criação dos bichos, a madeira e suas infinitas texturas. De todas estas marcas, as taipas e mangueirões de pedra, obras da lida secular do gado, talvez sejam a mais dramática e duradoura síntese do encontro entre natureza e cultura na paisagem dos Aparados.

Terra em Transe

As transformações da paisagem dos Aparados, nos arredores dos cânions, já não consideram a lenta e gradativa adaptação dos modos de vida da região, na relação entre homem e ambiente. A indústria madeireira (primeiro na extração das araucárias e depois no florestamento de pinus), e, agora, também a agricultura intensiva, tornam a paisagem um campo de produção, ativo de investimento e extração de riquezas.

Desenhos do frio

Série de registros em incursões aos Aparados e arredores dos cânions, em dias de inverno. Visão geral do Atalho do Crespo, estrada de campo na área de proteção do Itaimbezinho; desenhos do gelo ao amanhecer; um graxaim desconfiado e o gado na geada.

Sapecada de Pinhão

Registros de uma sapecada de pinhão, ou sapeco, termo da linguagem comum da região: as grimpas secas das araucárias são recolhidas e entrelaçadas, nem poucas nem em demasia; os pinhões, sementes maduras de araucária, são despejados no monte. Ateia-se fogo; alguém controla, espalha ou agrupa o braseiro com um bastão conforme os pinhões ficam tostados. A sapecada é um saber ancestral dos povos nativos da região; assimilado pelas etnias que ocuparam toda a região: portugueses, afrodescendentes e, depois, descendentes de imigrantes europeus.